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Bicho de pé, poema de Rau Ferreira

Bicho-de-pé, dá na gente.
É um tipo inconveniente
Feito político amanuense
Menino buchudo, carente.

Bicho-de-pé vem de repente
Você nem quase sente
Quando óia tá discrente
Pelanca o dedo da frente.

Bicho-de-pé é somente
Digo assim timidamente
Que é impiamente
Surge assim subitamente.

Bicho-de-pé, minha gente,
É como comer sem dente
Careca passar o pente
Cego, encontrar batente.

Bicho-de-pé é diferente
Queima o seu ardente
Lateja inté a mente
O suor é frio e quente.

Bicho-de-pé é reluzente
É coisa inteligente!
Pru mais que você assente
Ele se mostra indecente.

Bicho-de-pé é beneficente
Deixa descalço a gente
Até o mais fino presidente
Pois quer viver aparente.

Bicho-de-pé é abstinente
Não toca em aguardente
Por assim adjacente
E quer que o alimente.

Bicho-de-pé é repetente
Seu viver é arduamente
Dói assiduamente
Inda quer que lhe agüente.

Bicho-de-pé é bivalente
É cunhado-parente
É o liseu premente
Do pobre unicamente.

Quem tem um Bicho-de-pé
Trate-o como quiser
O meu se chama Cazé
Meu querido Bicho-de-pé.


Rau Ferreira

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