Por
Júlio César (*)
Quando visito esporadicamente Esperança, para
concluir algum dado sobre minhas pesquisas de futebol, costumo dizer que uma
cidade com a importância que ela tem, no brejo paraibano, necessitaria de um
museu. Há muitos adeptos de história vivendo no local, mas, falta um interesse
político nisto.
Há 30 anos quando fui residir no Lírio da
Borborema, sofri um pouco para me adaptar ao clima e principalmente para me
“enturmar” e criar um circulo de amizades. Eu não passava de um cara vindo de
uma cidade grande querendo me “amostra”. Pelo menos era assim que a maioria me
enxergava.
Então para me entrosar com todos precisava
conhecer o que era o agente mobilizador para isto. Foi quando descobrir que
esperancense gostava de colecionar. Era uma verdadeira mania na cidade naqueles
anos 80 colecionar alguma coisa. E as coleções eram as mais variáveis
possíveis.
Existia quem colecionava rótulos de cigarros,
figurinhas de chiclete, tampas de garrafa, moedas antigas, selos, histórias em
quadrinhos etc. Daí não deu em outra, comecei uma vasta coleção de rótulos de
cigarros, depois moedas antigas, selos e quando menos se esperava, eu estava
colecionando praticamente um pouco de cada item. Tudo para enfim colecionar
amizades e me integrar ao meio.
O hobby de fazer coleções era tão forte que
em 1986 havia pelo menos umas sete bancas de colecionadores instaladas em
frente ao mercado na feira. Havia uma banca somente vendendo revistas e
quadrinhos usados, outra praticamente especializada em moedas antigas e tinha
uma de um senhor chamado “seu Chico” que vendia exclusivamente rótulos de
cigarros. E quanto mais velho fosse o artigo, mais disputado ele era.
Os
amigos não ficavam para trás, um colega chamado Luciano tinha uma vasta coleção
de tampas de garrafa guardado numa caixa que chegava a quase 1000 unidades.
Havia tampas que ele considerada raras, pois segundo ele, eram de bebidas dos
anos 60. Outro colega de nome Jair, tinha uma gigantesca coleção de selos que
somava uma pilha de álbuns entre 10 a 15 livros, e que se orgulhava de ter um
selo “olho de boi” que ele tratava com todo mimo do mundo.
Mas,
a coleção que eu achava mais fascinante pertencia a um senhor que morava junto
à antiga Sambra. Às vezes Jair comprava selos com ele e quando eu ficava na
sala aguardando me perdia olhando nas paredes e nas estantes sua coleção de
moedas antigas. Havia muitas e entre as moedas, segundo ele, algumas feitas de
ouro puro do tempo do império.
Colecionar
estava no sangue do esperancense, não somente nos meninos, mas nas meninas
também. Existiam garotas que tinham coleções de papeis de carta, outras álbuns
de figuras com artistas, havia uma que tinha uma mega coleção de tudo que saia
sobre a banda RPM. Sem falar nos Menudos e outros do gênero.
Ao sair de Esperança e retornar a Campina
Grande em 1987, deixei com amigos algumas de minhas coleções. Para Jair ficaram
muitos selos, já com Charles deixei parte dos meus quadrinhos e moedas antigas,
Djair e Dorivan herdaram 4 revistas playboy que escondia a 21 chaves de minha
mãe. Do pouco que trouxe, parte se perdeu ou vendi, mas, o que ficou no velho
sótão é o que atualmente me trás recordações deste tempo.
Por
Júlio César (*)
(*)
Cartunista e pesquisador, atualmente desenvolve um projeto que finalizará em
2014 com a publicação de um livro sobre o futebol paraibano.
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