Corria o ano de 1925. Esperança se desenvolvia sobremaneira em diversos
ramos e atividades. O comércio e a arrecadação eram superiores, surgindo uma
necessidade premente de se realizar obras estruturantes que esbarravam na
dependência com o vizinho município de Alagoa Nova, a quem pertencia. Nessa
época, os homens mais importantes da vila – Manoel Rodrigues de Oliveira,
Theotônio Tertuliano da Costa e Elísio Sobreira – formaram uma comissão com o
objetivo de pleitear junto aos poderes constituídos a nossa independência
política, tendo como porta-voz o poeta Silvino Olavo e o bacharel Severino
Diniz.
Assim convidaram o governador João Suassuna, que se deslocou a esta
comuna a pretexto de inaugurar o sistema de luz a vapor. Consta-nos que “Esperança – ex-Banabuyé (Lagedo Grande), foi
alvo de uma excepcional recepção por parte da população local” (Esperança
Ano 60).
Chegara a esta terra no dia 24 de maio, onde foi banqueteado em casa de
Manoel Rodrigues. Coube, entretanto, a Silvino Olavo, saudar o visitante,
pronunciando seu importante discurso “Esperança – Lyrio Verde da Borborema”,
cujas palavras ainda ecoam em nosso município:
“(...) Esperança, árvore nova, tem a nobreza de querer ser
também árvore boa, para prodigalizar, com a esplendidez nutridora do fruto, a
fecundidade da semente e a espiritualidade do perfume” (Jornal “A União”, 1925)
E da sacada daquela residência, falou ainda o renomado orador Severino
Diniz:
“Esperança – Sr. Presidente, ri e
não chora, inda que rindo feche no silêncio de sua resignação, numa vida de
sofrimentos e de martírio. Esperança caia, Sr. Presidente, porque em tempos e
mais tempos de escravidão seu povo humilde e estóico aprendeu a obedecer sem
discutir, a sofrer sem chamar e a chorar sem mostrar o próprio pranto”.
Diante de tais circunstâncias, não havia outra resposta senão aquela
pronunciada pelo governador parahybano:
“Esperança terá sua autonomia ainda
no meu governo!”.
A comitiva governamental era integrada pelo Dr. Laudelino Cordeiro, Juiz
Municipal de Alagoa Nova; o diretor do Jornal A UNIÃO, Sr. Lustosa Cabral; e o
Procurador-geral do Estado, Dr. José Gaudêncio Correia Queiroz, que levantou um
brinde de champanhe nestes termos:
“Solon de Lucena e João Suassuna
são as parcelas desta grande soma que é Epitácio Pessoa”.
A partir desta motivação a idéia então
foi ganhando adeptos, entre eles o Deputado Antônio Guedes que apresentou, em novembro
de 1925, o projeto de lei nº. 13, propondo a criação do Município de Esperança.
Seguiu-se uma luta pacífica e intelectual em prol desta causa, aderindo Antonio
Bôto, Genésio Gambarra e Antonio Lucena. Em contrapartida, havia um ferrenho
opositor, o também deputado Aristides Ferreira. O projeto só viria a ser
aprovado após terceira votação na Assembléia do Estado, no último dia daquele
mês.
Finalmente era publicada no Jornal A UNIÃO, em 1º. de
Dezembro de 1925, a Lei nº 624, que criava e instituía o Município e Cidade
Esperança.
Por aqui, o Dr.
João Marinho da Silva – recém nomeado Juiz Municipal – em presença de diversas
autoridades, tomava a posse de Manoel Rodrigues de Oliveira como primeiro
gestor e fazia a comunicação formal ao Governador do Estado, via telegrama:
“Tenho a honra de comunicar
Vossência instalação município toda solenenidade após compromisso assumi
exercicio cargo prefeito. Povo aclama nome vossencia pelo muito interesse causa
Esperança. Protestando a vossencia toda a minha gratidão honrosa nomeação
asseguro incondicional apóio ao brilhante fecundo governo vossencia. Cordiais
saudações. Manuel Rodrigues”
E ao ilustre Deputado Antônio Guedes, as autoridades nomeadas escreveram
o seu regozijo pelo aclamado apoio e incentivo na criação do Município:
“Ao ilustre lider da maioria desta
ilustre Corporação. Esperança livre vem trazer uma palavra de agradecimento
pela apresentação do projeto sua independência. Os habitantes desta localidade
reconhecidos nobres senhores deputados signatários e interessados passagem
aludido projeto rogam a v. ex. Fineza apresentar aos mesmos a gratidão de Esperança
autônoma e vitoriosa. Saudações cordiais.” (Jornal “A União”, 1925).
Esta é a síntese da nossa emancipação.
Rau Ferreira
Referência:
- A UNIÃO, Jornal. Edições
de dezembro. João Pessoa/PB: 1925.
- ANO 60, Esperança. Ed.
Assis Diniz. G.G.S. Gráfica. João Pessoa/PB: 1985.
- CARDOSO, Roberto. Pequena biografia do poeta Silvino Olavo.
Cisnes/Sombra Iluminada. 2ª Edição. Esperança/PB: 1985.
- DUARTE, Forum Samuel.
Livro de posses e compromissos. Tombo I, 1925. Esperança/PB: 2005.
- ESPERANÇA, Livro do Município
de. Projeto Gincana Cultural/83. “Descubra a Paraíba”. Coleção Livros dos
Municípios 006/171. Esperança/PB: 1985.
- Sites: http://www.virgulino.com/ e http//pt.wikipedia.org.
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