Extraímos da coluna "Musa
Fútil" publicada na Revista Era nova, o belo poema que segue – JUNHO! –
original de João da Retreta, pseudônimo atribuído ao poeta Silvino Olavo.
Preservamos a linguagem original
da época, por se tratar de uma peça estética de suma importância:
Junho!
Quando eu era creança, por
estes dias alegres
de Junho... Quantas
saudades... A fogueira
elevava ás estrellas a sua
chamma bemdita...
Fógos de estoiro pela rua... A
cangica...
E Ella mais creança do que
eu... Passou-se.
Já lá se vae tanto tempo...
Ella, de olhos baixos
- “Bom dia, João!” E na sua
innocencia dôce,
me enlaçava com um lacinho de
fita!
Depois
nós dois
bem juntinhos, lá íamos
ao altar de flôres da capella
e sorriamos
para aquelle rapazinho que
trazia no hombro
uma ovelhinha de neve... que
vestido de pelles,
só cobria o peito, só vestia
as ancas...
Junho! mês de saudades e dias
meigos...
Nós dois, bem juntinhos,
resávamos
Senhor S. João de olhos
negros...
Pastorzinho de ovêlhas brancas
e almas brancas...
A musa que há nesse poema talvez
seja a mesma decantada por Silvino em seu “Retorno” e nos versos de “Ovelhinha
tresmalhada”. Semelhante tema junino encontramos em “Noite de S. João”. Estes
reeditados em 1985 por Roberto Cardoso e Marinaldo Francisco, no livro
CISNES/SOMBRA ILUMINADA.
Rau Ferreira
Fonte:
- ERA NOVA, Revista. Edição de 12 de junho. Imprensa
Oficial. Parahyba do Norte: 1925.
- JOFFILY, José. Anayde Beiriz: paixão e morte na Revolução
de 30. Ed. CBAG Editora: 1980.
- OLAVO, Silvino. Cisnes/Sombra Iluminada. Marinaldo
Francisco de Oliveira e Roberto Cardoso (Pesq.). Esperança/PB: 1985.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.