Irineu Jòffily |
Não se sabe ao certo o
seu local de nascimento. Há quem lhe atribua à naturalidade esperancense, o que
para nós seria uma grata satisfação.
Observe o leitor que
alguns autores chegam a afirmar que Irineu Jóffily teria nascido “no antigo caminho de Pocinhos (hoje
município de Esperança)” (RODRIGUES: 1985 e Almanaque da Paraíba: 1973) – e
por vezes em Pocinhos (R.IHGB: 1964, Vols. 261/262), ou até mesmo em Campina
Grande (CASTRO: 1955).
A nós parece que estas
referências se devem ao fato destas terras se situarem “em território da antiga freguezia” (ABREU: 1931 e RODRIGUES: 1962),
cujos limites municipais foram alterados ao longo do século passado. Contudo,
esclarecendo este fato escreve o seu neto Geraldo:
“Tenha-se como certo que o próprio JOFFILY
deveria ter fornecido tais dados ao prefaciador de sua obra, deixando de lado o
exato ponto de seu nascimento para se referir apenas ao local onde fato passou
toda a sua infância; onde consta o registro do seu nascimento e óbitos dos seus
pais” (JOFFILY: 1965).
Porém, é inegável que
este paraibano mantinha profundas relações com o município de Esperança. A sua
família costumava passar “os invernos em
um pequeno sítio à sombra de imensa rocha, que guarda um pouco de umidade para
os terrenos do nascente. O local era conhecido por Banabuié” (JÓFFILY: 1977).
Com efeito, dizem ter “Nascido na casa
das lascas, Banabuyê, fazenda Lajedo, lugarejo de Pocinhos, hoje município de
Esperança” (PBLetras: 2002).
Na sua linha ascendente
paterna, havia Barbara Maria da Pobreza - proprietária de terras no Sítio Gravatazinho
em Esperança e metade do Sítio Oriá (Areial), nas testadas do olho d’água do
Brabo -, de onde surge Manoel do Brabo - vaqueiro de confiança de Zé Luiz e
responsável por levar o pequeno Irineu à escola do Padre Rolim, em Cajazeiras.
Esta viagem fez brotar no
garoto o seu amor pela geografia paraibana. A esse respeito, assinalamos a
seguinte nota:
“A afirmar essa sua vocação exótica ou
inesperada pela geografia está aquela sua primeira viagem, que, por oito dias,
fez, a cavalo de Esperança a Cajazeiras,
quando, ainda menino de 12 anos, ou seja, em 1885, foi, sob a guarda de Manuel
do Brabo, internar-se no colégio do padre Rolim” (PBLetras: 2003, grifei).
Casara-se em Alagoa
Nova com Rachel Olegária, filha do Capitão João Martins Torres, criador de gado
e proprietário das terras no Sítio Riacho Amarelo, em Esperança. Segundo os
mais antigos vinha sempre a Esperança visitar o seu cunhado Bento Olímpio
Torres, que residia no casarão construído no final da rua Banabuyé (atual
Silvino Olavo).
Em seu jornal GAZETA DO
SERTÃO, o escritor muitas vezes mencionara estas paragens. E sempre que podia,
referia-se ao topônimo de Banabuyé, que na sua livre opinião deveria ter sido
conservado por mais auspicioso que fosse o seu nome atual (JÓFFILY: 1892). O
que não seria nada incomum se considerarmos o fato de que este subscrevia sob o
pseudônimo de ÍNDIO CARIRY, sendo certo que esta nação indígena foi aldeada em
Campina Grande, com ramificações em Esperança. Assim consta do Ciclo de Debates
dos 500 anos do Brasil, promovido pelo IHGP em abril de 2000:
“O cacique dos ariús chamava-se Cavalcanti
porque já era batizado, e os próprios índios de sua tribo passaram a se
denominar de cavalcantis. Os cavalcantis ficaram no centro de Campina Grande,
enquanto os cariris ficaram na região de Esperança” (IHGP: 2000).
Em Campina foram
denominados de Ariús e em Esperança, receberam o nome de Banabuyés em razão da
data de sesmarias destas terras, fixando-se nas proximidades do Tanque do
Araçá.
Na Gazeta de Jóffily encontramos
ainda inúmeras referências locais, por exemplo: os logogrifos do professor da
povoação esperancense Juviniano Sobreira (1888/89); a noticia de três
assassinatos no Sítio Carrasco, motivada por uma questão de terras (1891) e o
anúncio da Fábrica Progresso (1891), na rua da Gameleira e etc.
Por fim, é interessante
observar que por ocasião do centenário de seu nascimento, realizou-se o “programa geral das comemorações – em
Esperança, Pocinhos e Campina Grande” (A União: 1943).
Rau Ferreira
Fonte:
- A UNIÃO, Jornal. Edição de sábado, 27
de novembro. João Pessoa/PB: 1943.
- ABREU, João Capistrano de. Ensaios e
estudos: critica e história. Vol. I. Livraria Briguiet: 1931.
- CASTRO, Oscar de Oliveira. Vultos da
Paraíba – patronos da academia. Dept. de Imprensa Nacional: 1955.
- GOOGLE, Imagens: Joffily. Disponível
em http://images.google.com.br/, acesso em 25/01/2012.
- JOFFILY, Geraldo Irineo. Um cronista
do sertão no século passado: Apontamentos à margem das Notas sôbre a Paraíba,
de Ireneo Joffily. Comissão Cultural do Município, Prefeitura Municipal de
Campina Grande: 1965.
- JOFFILY, Irineu. Notas sobre a
Parahyba: fac-símile da primeira edição publicada no Rio de Janeiro, em 1892,
com prefácio de Capistrano de Abreu. Volumes 1-2. Thesaurus Editora: 1977.
- PARAÍBA, Almanaque da. Editora
Almanaque da Paraíba Ltda. João Pessoa/PB: 1973.
- PBLetras, Revista Nº 03. Ano III. Ed.
Antonio Soares. Campina Grande/PB: 2003.
- R.IHGB. Revista trimestral. Tomo XXIX.
Parte Primeira. Rio de Janeiro: 1866.
- R.IHGB. Revista trimestral. Vols.
261/262. Rio de Janeiro: 1964.
- RODRIGUES, José Honório. SILVA, Pontes
da. ARAÚJO, Maria de Fátima.
Parahyba 400 anos. Governo do Estado da Paraíba. João Pessoa/PB: 1985.
- RODRIGUES, Walfredo. Roteiro
sentimental de uma cidade. Editora Brasiliense: 1962.
- SERTÃO, Gazeta do. Edição de 21 de
março. Campina Grande/PB: 1890.
- TAVARES, João de Lyra, Apontamentos
para a historia territorial da Parahyba. Vol. I. Imp. Official: 1910.
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