Cultura & Arte: síntese
de uma estória sem começo nem fim
Por Evaldo Brasil
O SHAFMAC, trupe fundada em
12 de março de 77, tendo em seu nome as iniciais dos componentes Socorro,
Hildemar, Albanete, Felipe, Manoel Cleonides e Adalberto Cavalcante, parceiro
do artesão Felipe Guerra na autoria de “Escravos do Ódio” e “Fúria de um Deus”.
O açude de Samuel foi palco de ensaios e cenário para fotografias.
Apesar das iniciativas, a
cidade ainda não possui um espaço adequado para os eventos teatrais. Tais
grupos já não existem. A antiga Biblioteca Pública, anunciada como Centro
Cultural no livreto de conclusão do segundo mandato de Luiz Martins (73/76),
não possuía tal espaço, nem mesmo hoje renomeada “Centro Cultural e Biblioteca”.
Os grupos ensaiavam nos auditórios do Ginásio Diocesano, do antigo Salão
Paroquial, nas casas de seus membros ou ao ar livre.
Em 09 de julho de 85,
surge novo grupo, o “Panela de Barro”.
Tinha o auditório do CSU à disposição, mas só conseguiu, durante três meses,
ensaiar a peça “Essa Mulher é Minha”, de Raimundo Magalhães Júnior. Contudo, se sobressairia como Tupiniquim, no teatro de bonecos.
Neste caso, os primeiros registros dão conta da atuação dos irmãos Idelfonso
Clementino, Abdias e Francisco Raimundo de Lima. Em 68, o grupo ganha a
participação dos filhos de Abdias Francisco Ferreira e Terezinha de Jesus F. de
Lima. Em 83, na Gincana Cultura Descubra a Paraíba, depois de vencer as fases
eliminatórias, obteve o primeiro lugar, em João Pessoa.
Os irmãos Claudionor e
Laércio Vital Pereira, após o primeiro adquirir os mamulengos de “Seu
Benedito”, passam a apresentar em casa, contando com a família e amigos para
botar boneco, e mais tarde, ganhariam ruas e sítios do município, sob a
denominação Grupo de Teatro de Bonecos
Tupiniquim. Nos anos oitenta, seja em trabalhos de formação política,
pastoral ou do Projeto Rondon na cidade, atuaram de forma engajada, incomodando
os dirigentes políticos da cidade. Desse período, frutificou em participações
na formação de professores promovida pela UEPB, bem como na realização de
oficinas de confecção de fantoches e apresentações em Picuí, Nova Palmeira,
Lagoa Seca, dentre outras. Além dos irmãos, Nicola, João do PT e Mércio Araújo
se engajam gradativamente.
A partir da segunda metade
dos anos 80, com a presença de esperancenses nas turmas de teatro do Dart/UFPB,
o teatro local se transforma em movimento. Em 88, alunos de Eneida Agra
Maracajá e outros artistas, a exemplo do empresário de circense, Ziu
Cavalcante, do antigo SHAFMAC, realizam a Semana de Arte Popular (I Semap), em
junho, como pré-abertura da extensão do
Festival de Inverno de Campina Grande a se realizar na cidade. A expansão
do festival permanece por alguns anos, até 93, quando a relação com os poderes
públicos se tornaram impraticáveis. Contudo, foram oportunidade para a cidade
receber até atração internacional e nacional, como o argentino Dorrego (teatro), o baiano Salto e o paulista Cisne Negro (dança).
Hoje, as performances são a marca do teatro em Esperança.
Jirimum &Xiquexique, Macambira & Querindina e os “filhos e netos” dessa
dupla, além de palhaços como Gasparzinho e Faísca Jackson.
Na música, vários artistas fazem barzinho. No artesanato, as
Amigas do Lar, a Casa do Artesão e a escola vinculada à UFPB permanecem na
caminhada. A Casa da boneca, de Riacho Fundo, bem como o Sisal, de Massabielle
ainda não receberam o apoio e notoriedade que, se não ocorrer, os levará à
condição dos outros: eterno estado de amadores.
E como tudo que é eterno, não tem fim e o começo parece apagado de
propósito.
Evaldo Brasil
Fonte:
-
Revista
Comercial de Esperança, Ano V. Esperança/Pb, dezembro de 2008. Editor Fernando
Rocha;
-
Manuscrito:
Evaldo Brasil, que foi ator neste cenário (Panela
de Barro, Tupiniquim, Semap etc.) e hoje tem a sala de aula como palco no
teatro da vida.
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