Pular para o conteúdo principal

Sol: Em defesa do empreendedorismo na PB

No dia 03 de fevereiro de 1929, o nosso querido Silvino Olavo, na condição de Chefe de Gabinete do então Governador da Paraíba, o Dr. João Pessoa, publica um artigo de capa na edição do domingo de “A União”, órgão oficial do Estado.
Na ocasião, o Superior Tribunal do Rio de Janeiro havia estendido os efeitos de um habeas-corpus a 74 motoristas, denominados de “chauffeurs”, anteriormente impetrado em favor de três.
Discutia-se a legalidade da cobrança da taxa de viação nas rodovias paraibanas.
A lei, que teria sido aprovada pela Assembléia Estadual e sancionada pelo governo, havia sido questionada frente a Corte Superior por suposto “constrangimento”, vez que criava um obstáculo aos transeuntes e os proprietários de veículos. A que o remédio jurídico mencionada tornava inócua sua aplicação.
Silvino Olavo, por sua vez, faz uma breve exposição dos fatos comparando com o direito vigente. E para tanto, cita o §22 do art. 72, da Constituição Republicana (1891), que menciona as hipóteses de concessão do mandamus: “sempre que alguém sofrer ou se achar em imediato perigo de sofrer violência por meio de prisão ou constrangimento ilegal em sua liberdade de locomoção”.
Na sua opinião, a instituição da cobrança não causaria nenhum “constrangimento ilegal” suscetível de habeas-corpus. Da mesma forma não haveria ilegalidade do ato, regulamentado pelo Governo.
Contudo, admitida a possibilidade do “constrangimento”, segundo a sua análise, este não seria diferente das cobranças havidas no Rio de Janeiro, por exemplo, realizadas pela companhia que faz a travessia das barcas mediante o sistema de “borboletas”, cujo trânsito está inteiramento obstaculado.
Cita a Central do Brasil, cuja entrada não é franqueada senão após o pagamento de ingresso no portão, “mesmo quando se vá acompanhando amigos para o embarque”; e o Cais de Mauá, “cuja cobrança é feita pelo mesmo sistema de 'borboletas', equivalente aos das porteiras instituídas aqui para a cobrança da taxa de viação”.
E observa que as companhias citadas “Fazem-no sem ser em virtude de lei e a lei nunca proibiu” e que “jamais deu entrada na Corte de Apelação do Rio de Janeiro um pedido de habeas-corpus para garantir o ingresso franco, sem o 'constrangimento' daqueles obstáculos”.
Pondera em seu discurso que as empresas particulares não estão obrigadas a prestarem serviços ao Estado sem nenhum tipo de compensação.
Segundo ele, o governo assim procede para a conservação das próprias estradas, garantindo o livre acesso a todos sendo este um clamor público.
Dentro desta política governamental estariam assentadas as engrenagens de uma Paraíba moderna que não se coaduna com os relógios atrasados de alguns.
E finaliza: “Mais lógico é que os nossos relógios atrasados se ponham em acordo com o relógio que está adiantado, mas está certo, do que atrazar-se este para se por em acordo com aqueles”.

Rau Ferreira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

O Mastodonte de Esperança

  Leon Clerot – em sua obra “30 Anos na Paraíba” – nos dá notícia de um mastodonte encontrado na Lagoa de Pedra, zona rural de Esperança (PB). Narra o historiador paraibano que em todo o Nordeste existem depressões nos grandes lajeados que afloram nos terrenos, conhecidas pelo nome de “tanques”, muitas vezes obstruídos pelo material aluvionar. Estes são utilizados para o abastecimento d’água na região aplacada pelas secas, servindo de reservatório para a população local. Não raras as vezes, quando se executa a limpeza, nos explica Clerot, aparecem “ restos fossilizados dos vertebrados gigantes da fauna do pleistoceno que povoou, abundante, a região do Nordeste e, aliás, todo o Brasil ”. Esqueletos de espécimes extintas foram encontradas em vários municípios, soterrados nessas condições, dentre os quais se destaca o de Esperança. A desobstrução dos tanques, necessária para a sobrevivência do rurícola, por vezes provocava a destruição do fóssil, como anota o professor Clerot: “ esf

Barragem de Vaca Brava

Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) Tratamos deste assunto no tópico sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança, seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem, quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão dependentes. O regime de seca, em certos períodos do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta relevos que propiciam a acumulação das chuvas. O riacho “Vaca Brava”, embora torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................