Padre Zé Coutinho (1953) |
Corria o ano de 1953, era um quarta-feira inusitada na cidade
maravilhosa. Logo mais, pelas ondas da Rádio Tupi, seria anunciada a premiação
“Honra ao Mérito” conferida a um clérigo parahybano, fundador de um instituto e
figura expressiva na luta pelo bem estar social: Padre Zé, como era chamado com
simpatia.
Era um religioso de meia idade, calvo e rechonchudo; com
dificuldades para se locomover, e um coração do tamanho [ou até maior] que o
seu Estado natal. Partira para o Rio para receber a homenagem mais que
merecida. Deixara em João Pessoa uma centena de pessoas, carentes de um abrigo
e afeto cristão. Mas suas obras não se resumiam ao pão, oferecia instrução aos
analfabetos, ofício à juventude e, crença aos descrentes! Era bom, enérgico e
doce ao mesmo tempo. Não era à toa que viera de uma cidade chamada ESPERANÇA!
A imprensa estampara em primeira mão:
“Monsenhor José Coutinho é a grande
força da assistência social em moldes modernos no Nordeste, e sua obra
constitui a afirmação mais bela e perfeita de uma vida, desde a sua ‘Casa do
Pobre’, acolhedora e amiga, até a sua própria casa, onde batem todos, ou
melhor, entram todos, porque as portas não se fecham nunca”.
Com efeito, o sacerdote constituía uma página da “Rerum Novarum”
de ajuda aos desvalidos e desamparados; e todos desejavam-lhe vida longa “por omnia secculo, seculorum”.
Aquele dois de dezembro ficaria marcado aos que assistiram a
solenidade da Esso Standard. A escolha foi unicamente regida pela promoção
humana, em detrimento do paternalismo.
No anfiteatro, se aglomerava uma dezena de pessoas, enquanto que
milhares ouviam em suas casas as palavras dirigidas ao homenageado. E em todo o
país, apenas um se insurgiu contra, por coincidência o também paraibano autor
de Fogo Morto.
O Diário Carioca de 06.01.1954, publicara um telegrama de seu
compatriotas desgostosos com a declaração daquele outro Zé que, referindo-se a
premiação de Oscar de Castro, no ano seguinte disse: “desta vez a homenagem que se vai prestar ao paraibano é a um autêntico
homem de mérito”.
A Parahyba respondeu à altura, com uma calorosa recepção no
aeroporto de Santa Rita ao Padre Zé.
Nacionalmente, este poderia ter sido a maior honraria concedida ao
benemérito Padre Zé; mas a nível internacional, devemos lembrar o título de
Monsenhor Camareiro, outorgado pelo Papa João XXIII.
Rau Ferreira
Referência:
-
GAZETA DE NOTÍCIAS, Jornal. Ano 78, N. 277. Rio de Janeiro/RJ: 1953.
-
ESPERANÇA, Revista da. Ano I, N. 04. Esperança/PB: 1997.
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