Antonio Silvino |
Era
identificado como Leão do Norte, Rifle de Ouro, Mestre da Morte e outros epítetos.
Sua conduta, porém,
destacava-se dos demais bandoleiros: roubava dos ricos, fazia justiça às moças defloradas
e jogava moedas para os pobres.
Segundo relatos, certa vez
Antonio Silvino apeou seus cavalos nas proximidades do SESP enquanto um de seus
“cabras” procurou os comerciantes locais que lhe forneceram a ajuda
necessária, no compromisso
de abster-se de perturbar estas paragens. Alcançado o intento saiu sem deixar rastros. O
“Capitão” considerava esta uma terra “onde
a gente é muito mansa” (Chagas, p. 128).
A vida e as proezas de
Antonio Silvino foram contadas em versos por Francisco das Chagas Batista (A
Vida de Antonio Silvino, 1904). Em alguns versos de cordel que se atribui
façanhas ao “herói do norte”, encontramos a seguinte menção da presença deste
cangaceiro na cidade:
“-
31 -
E
entrei, no dia seguinte,
Na
povoação de Esperança.
Na
povoação de Esperança
Dois
macacos eu prendi,
Como
êles não se opposeram
Soltei-os,
não os offendi;
Então
dos negociantes
Os
impostos recebi.
Que
exigi somma guardada
Do
commercio ninguém pense:
Recebi
só os impostos
Porque
isto a mim pertence,
Até
que um dia o governo
De
perseguir me dispense
Da
Esperança dirigi-me
A
Villa de Soledade,
Ahi,
de José Coito,
(com
quem tenho inimizade)”.
Por
três vezes Antonio Silvino tentou a reabilitação, tendo inclusive procurado o
Padre Francisco Gonçalves de Almeida - vigário de Esperança - e aos padres José
Paulino e Custódio de Santa Luzia, para que estes interviessem em seu indulto. O resultado foi um acordo em
1912, entre Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco para acabar com o
Cangaço a qualquer pretexto.
Preso em 1914, Antônio
Silvino cumpriu pena na Casa de Detenção do Recife onde permaneceu por 22 anos.
Liberto em 1937 veio residir em Campina Grande, onde faleceu e foi enterrado.
Rau
Ferreira
Referências:
- Livro do Município de
Esperança, Ed. Unigraf: 1985, p. 35;
- http://cgretalhos.blogspot.com:
Antonio Silvino, 25/08/2010;
- FERNANDES, Raul. Antônio
Silvino no RN. Ed. Clima: 1990, p. 56;
- BATISTA, Francisco das
Chagas. Literatura popular em verso. Casa de Rui Barbosa: 1977, p. 83/84;
- GRUNSAN-JASMIM, Élise.
Trad. Maria Celeste F. Marcondes e Antonio de Pádua - Danesi. Lampião:
senhor do sertão. Editor Universidade de São Paulo: 2006, p. 27;
- MAIOR, Mário Souto. Antônio
Silvino, capitão de trabuco. 2ª Edição. Bagaço: 2001, p. 57.
- CARVALHO,
Rodrigues. Serrote Preto: Lampião (e seus sequases). 2ª Edição. Sedegra:
1974, p. 376;
- CURRAN,
Mark J. História do Brasil em cordel. Edusp: 1998, p. 67.
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