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Mostrando postagens de julho, 2014

O topônimo BANABUYÉ, por Vanderley de Brito

Topônimos da Paraíba: Um estudo dos vocábulos Banabuyé, Puxinanã e Bruxaxá à luz de idiomas Macro-jê para a compreensão do povoamento do brejo paraibano. Vanderley de BRITO* Thomas Bruno OLIVEIRA** RESUMO: Para se tentar traduzir um topônimo indígena é fundamental estudar antecipadamente sobre que grupos nativos ocuparam a região do termo em estudo, que missionários atuaram ali e como se deu a ocupação branca no lugar. Logicamente é importante também colocar cada uma dessas informações no seu tempo histórico. Por isso, nesse artigo pretendemos tentar elucidar alguns topônimos de origem macro-jê que se conservaram na região brejo-agrestina paraibana por sobre o Planalto da Borborema, e chamar a atenção que os historiadores não se atenham à aceitação pura e simples das conversões toponímias formuladas e consagradas sem questionamento ou um estudo histórico do processo de ocupação de territórios. PALAVRAS-CHAVE: toponímia –macro-jê - brejo-agreste da Paraíba Para acessar o

Padre Almeida: o primeiro vigário

Padre Almeida - primeiro vigário Esperança – outrora Banabuyé, 1908. Não passava de uma pequena povoação.   O seu templo era considerado um dos melhores e mais belos da região.  A capela com duas torres dava as costas para o açude “Banabuyé”, na antiga rua de baixo (atual, rua Silvino Olavo). Situava-se na parte mais elevada da cercania e formava um largo em círculo, onde os colonizadores erguiam suas moradas: casas de beira e bica e taipa coberta de telhas sem um delineamento previamente traçado, obra dos irmãos Antônio, Laureano e Francisco Diniz. O terreno em que fora construída originara-se da antiga Sesmaria de Banabuyé Cariá pertencente aos descendentes dos Oliveira Ledo, embora as terras que compunha a localidade já fossem conhecidas desde 1757, segundo uma carta existente na Torre do Tombo em Portugal. Contudo, a pequena igreja constituía o centro da irradiação da comunidade, a exemplo de outras vilas que tiveram por origem a missão evangelizadora. Forasteiros acorriam

Lei do patronato da PMPB

Cel. Elysio Sobreira O Coronel Elísio Sobreira (1878 – 1942), é filho natural de Esperança/PB. E ingressou ainda jovem na carreira militar. Serviu à corporação durante 35 anos, participando intensamente de diversos confrontos, dentre os quais, o primeiro que se tem notícia a grupos armados na região polarizada por Monteiro, no Cariri paraibano. Faleceu aos 64 anos de idade, após ter assumido o Comando Geral da PMPB por duas vezes (1924 à 1928 e de 1930 à 1931). Por sua força e bravura, foi escolhido “Patrono da Polícia Militar da Paraíba”, pelo então Governador Flávio Ribeiro (Decreto nº 1.238/57), sendo-lhe dedicado o dia 20 de agosto para as comemorações (Decreto nº. 15.489, de 9 de agosto de 1993). Para o conhecimento dos nossos leitores, trazemos na íntegra o decreto que instituiu o patronato. Rau Ferreira DECRETO Nº. 2. 238, de 10 de outubro de 1957. O Governador do Estado da Paraíba, usando das atribuições que lhe confere o art. 52, inciso I, da Constituição

Dia de Sábo, poema de Jose Adeilton

Dia de Sábo Ofereço este poema a todos os amigos que admiram a poesia nordestina Papai levou um jumento , Cuma caiga de caivão, Pa vendê e faze fera, Comprar farinha e fejão, Carne de poico e custela, Pra noi cumê um pirão. Eu na fera reparei , Tudo que tinha de gente, Baibeiro tirano baiba, Pu doi real somente, Na frente a veia vendeno, Inxofre, paivi e pente. La na cuiva do meicado. Tombem vi uma muié, Vendeno chicra de loiça, Dessa de tumá café, Arupema. quengo e cuia, Prato de barro e cuié. Tem coisa que arrente vê. Na fera que se arripea, Doto arracano dente, Pu dei real a pareia, Bebo arrumano briga, E unhas veia incheridas Cum us brincão nas zureias. La no meicado noi fumo, Tuma café cum siqui, Tinha um cego pidino irmola, Arrudiado de fi, Um bebo dano trabai, Dexa eu vê se eu lembo mai, Foi isso mermo que vi. José Adeilton da Silva Moreno Vereador Amazan de Esperança (*) Publicado no blog

Livramento condicional na Parahyba

Livramento Condicional ( Os primeiros liberados no Estado d a Paraíba) ________________________________________________________________________ Em março de 1926, o poeta esperancense Silvino Olavo da Costa (foto) era nomeado 1º Promotor Público da Capital paraibana, passando a integrar o Conselho Penitenciário do Estado. Neste mesmo ano entra em vigor o Decreto nº 16.665, que estatuía entre nós o Livramento Condicional, cujos primeiros beneficiários foram egressos das comarcas de Bananeiras e Mamanguape. O Conselho, cuja finalidade era a de emitir pareceres sobre a liberdade dos condicionados, foi instalado em maio, sendo constituído por “ autoridades, advogados e médicos ” (SUASSUNA: 1927, p. 58). Fazendo parte, além do nosso ilustre poeta: Guilherme da Silveira, advogado; José Américo de Almeida, Consultor Jurídico do Estado; Adhemar Vidal,Procurador da República; Irineu Joffily, advogado; os médicos Newton Lacerda e Jo

Necrológico: Padre Zé

Padre Zé Nasceu Monsenhor José da Silva Coutinho – Padre Zé – em 18 de novembro de 1897. Era um religioso de meia idade, calvo e rechonchudo; com dificuldades para se locomover, e um coração do tamanho [ou até maior] que o seu Estado natal. Fundara em João Pessoa um Instituto e um hospital para os pobres. Mas suas obras não se resumiam ao pão, oferecia instrução aos analfabetos, ofício à juventude e, crença aos descrentes! Era bom, enérgico e doce ao mesmo tempo. Quem não lembra em sua cadeira de rodas, pelas ruas da capital parahybana, com um cajadinho na mão estendido aos transeuntes, para receber alguma moedinha que fosse em prol dos necessitados, carentes de um abrigo e afeto cristão. O seu necrológico, melhor não poderia ter sido, foi apresentado pelo também Mosenhor Eurivaldo Cauldas, durante a homilia da Missa celebrada na Basílica de Nossa Senhora das Neves, em homenagem ao seu centenário de nascimento. Monsenhor Eurivaldo fora seu catequisando, e também coroinha. Depo

Elysio Sobreira: Combate à Coluna Prestes

Durante dois anos e meio um grupo de Oficiais do Exército, da Força Pública de São Paulo e alguns civis percorreram o país motivado pelo sonho de transformar a nação. Esses dignos e honrados revolucionários engrossaram as fileiras da chamada “ Coluna Prestes ” numa das mais extraordinárias marchas armadas do país. Transcrevemos a seguir um pouco da história na visão governamentista da Paraíba, segundo um relatório apresentado pelo Tenente-coronel Elísio Sobreira, Comandante da Polícia, ao Governo do Estado: “ Ser-me-ia dispensado dizer a V. Ex.* que a tropa do coronel Pedro Silvino (chefe político local) não conduzia dinheiro nem para comprar um cigarro, se assim me posso expressar. Daí a minha preocupação em acautelar os haveres dos nossos sertanejos. Era que os ‘patriotas’ extorquiam aqueles que lhe não davam por vontade, conforme documento em meu poder. Eles, os ‘patriotas’, satirizavam as famílias e arrombavam as portas, como o fizeram no município de Souza, em a casa do co

Sol: Amigos e amigos!...

Ben Sirá considerava o amigo uma fiel e poderosa proteção, um tesouro inestimável a ser encontrado pelos que temem o Senhor, e um remédio para todos os males (Eclesiástico 6:14-17). Com muita propriedade, o poeta Silvino Olavo dispôs sobre a amizade em um de seus poemas, dedicado a J. Tolentino Filho: Dizem todos “amigos verdadeiros!... Somente os temos da prosperidade que na hora amarga da necessidade, como pássaros voam, bandoleios” Em nome dos meus dias mal fagueiros, de provações e de intranqüilidade, das minhas horas más de realidade, digo que mentem ditos tão grosseiros. Embora seja o número bem pouco é certo, entanto, que encontrei na luta – de cães famintos e de aventureiros. Em que arremete o instinto como um louco, - esse amparo que tanto se disputa, de amigos certos, leais e verdadeiros. Silvino Olavo In: Cysns, 1924 Escreve assim, em Cysnes Fluctuantes, na sua serenidade e, lembrado por João de Deus Maurício (A vida Dramática d

Entrevista: Evaldo Brasil

Evaldo Brasil Evaldo Brasil nasceu no dia 12 de abril (apesar do registro constar 13) de 1968! Eis que este despontou ainda no ventre um revolucionário! Mas o engano só foi descoberto na sua adolescência e ai ele já era “galo-13-anista e simpatizante petista”. Seu primeiro contato com as artes foi comum a todos: a TV. Asistida na Praça da Televisão ou em casa dos vizinhos, como só as crianças daquele tempo. A música a que se ouvia em casa; a dança nos “assustados” do CAOBE e o desenho dos “Gibis”, que aprendeu a ler sozinho. “Foi a que me levou ao grafite, à caneta, à ponta-porosa, ao pincel e às aulas no Departamento de Artes da então UFPB, Campina Grande”, escreveu. O teatro veio do movimento Mobraltec, e a poesia, da militância política e do ativismo cultural. O interesse por Esperança e o seu vasto acervo, se cruzam com a história de Cisnes/Sombra Iluminada, reeditado por Roberto Cardoso na década de 80 e o descaso dos governantes em conservar a nossa memória. O primeiro

Sol: Em defesa do empreendedorismo na PB

No dia 03 de fevereiro de 1929, o nosso querido Silvino Olavo, na condição de Chefe de Gabinete do então Governador da Paraíba, o Dr. João Pessoa, publica um artigo de capa na edição do domingo de “A União”, órgão oficial do Estado. Na ocasião, o Superior Tribunal do Rio de Janeiro havia estendido os efeitos de um habeas-corpus a 74 motoristas, denominados de “ chauffeurs”, anteriormente impetrado em favor de três. Discutia-se a legalidade da cobrança da taxa de viação nas rodovias paraibanas. A lei, que teria sido aprovada pela Assembléia Estadual e sancionada pelo governo, havia sido questionada frente a Corte Superior por suposto “constrangimento”, vez que criava um obstáculo aos transeuntes e os proprietários de veículos. A que o remédio jurídico mencionada tornava inócua sua aplicação. Silvino Olavo, por sua vez, faz uma breve exposição dos fatos comparando com o direito vigente. E para tanto, cita o §22 do art. 72, da Constituição Republicana (1891), que menciona as hipó

Excussão presidencial à Esperança (1929)

Em 1929 o Governador do Estado, Dr. João Pessoa , era candidato a vice-presidente da República na chapa da Aliança Liberal encabeçada pelo Sr. Getúlio Vargas. E o jornal “A União” do dia 19 de novembro daquele ano, estampava em sua matéria de capa a “Excussão Presidencial à Esperança”. O chefe do executivo estadual partira no sábado com destino a Esperança, dando continuidade a sua campanha presidencial. No percurso estavam as cidades de Alagoinha, Alagoa Grande, Areia e Remígio. Antes mesmo de chegar a esta cidade, o governador foi recepcionado pelo prefeito municipal Theotônio Costa e pelo sr. Manuel Rodrigues de Oliveira , importante comerciante desta vila. Em Esperança, a autoridade maior do Estado recebeu os cumprimentos do vigário da paróquia, Monsenhor Severiano Figueiredo e demais pessoas influentes da cidade. Foi-lhe servido um almoço às 14:00 horas, oportunidade em que o sr. Severino Diniz proferiu vibrante discurso, onde declarou entre outras coisas que “ Todos divis

Furna do Caboclo, por Jóffily

A furna ou pedra do caboclo bravo tem despertado muita curiosidade desde priscas eras. Distante há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, a formação rochosa guarda resquícios de uma civilização extinta. Notadamente, a carta de João Lopes Machado (1874) e o questionário da Biblioteca Nacional (1881) constituem os principais documentos que descrevem aquela afloração. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E no seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular de aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura. Abaixo do seu nível, há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. O lugar também foi objeto de estudos do historiador Irineu Ceciliano Pereira da Costa – Irineu Jóffily – que visitou a sua gruta e colheu material arqueológico de grande importância. Em suas Notas , ele relata com precisão o que encontrou na “Furna do Caboclo Bravo”: “ P