Reportagem Especial
Você já imaginou como
seria Esperança em 1933? Fizemos uma viagem no tempo para que o leitor conheça
os principais nomes que ajudaram a edificar este município, suas atividades,
órgãos e estabelecimentos comerciais.
Com apenas oito anos de
emancipada, a cidade recheava o 16º Volume do “Almanach da Parahyba”. Samuel Duarte era o diretor da imprensa
oficial do Estado; e Gratuliano da Costa Brito governava o Estado.
A Paraíba acabara de sair
da “Revolução de 30”, um episódio trágico que vitimou João Pessoa Cavalcanti de
Albuquerque, de quem Silvino Olavo era chefe de Gabinete.
Por aqui, Theotônio
Tertuliano da Costa era o gestor municipal e enfrentava novos e grandes desafios.
A cidade progredia a
passos largos, após as primeiras providências tomadas por Manuel Rodrigues de
Oliveira, que implantara um governo estruturante fazendo nomeações e
inaugurando obras, estradas e escolas.
A feira local era uma das
maiores da região e as monoculturas da batatinha, algodão e o agave formavam os
novos ricos. O comércio de miudezas em geral e ferragens movimentavam boa parte
da renda municipal.
Havia no município quatro
vapores de descaroçar algodão, pertencentes a Francisco Bezerra da Silva, Júlio
Ribeiro da Silva, Theotonio Cerqueira Rocha e Sebastião Donato; oito caeiras de
fabrico de cal, cujos proprietários eram Anisio José da Cunha, Felix Guerra,
Antonio Chaves Sobral, Antonio Serafim, Cícero Carneiro e Syndulpho Guedes
Alcoforado, o Major da Maniçoba. Contava ainda o município com 110 casas de
aviamentos para o fabrico da farinha de mandioca.
Os órgãos públicos
estavam assim distribuídos: Manuel Clementino de Farias Leite, escrevente
juramentado; Sargento João Felippe de Souza, delegado de Policia; Pedro de
Alcantara Torres, José Virgolino Sobrinho e Claudino Rogério de Souza,
respectivamente 1º, 2º e 3º Suplentes de Delegado de polícia; Gustavo Olavo
Torres, Estacionário Fiscal; José Félix Vieira, Guarda Fiscal da Fazenda do
Estado; Murilo Velloso Lopes, Oficial do Registro Civil de Nascimentos,
Casamentos e Óbitos.
E o servia-se dos
serviços dos seguintes profissionais: Médicos drs. Sebastião Araújo e Manuel
Cabral de Andrade. Farmacêuticos: José de Andrade Mello e João Mendes de
Andrade Lima. Dentista: Sebastião Lima. Advogado: Severino Irineu Diniz.
A esse tempo a cidade
encontrava-se já bem povoada. Havia 1.903 habitações, sendo: 792 casas de
tijolos e telha; 1.111 ditas de taipa e telhas, inclusive as da povoação do
Areial. Na sede funcionava um pequeno banco, denominado “Banco Agro-Comercial” que funcionava pelo sistema “Luzatti”.
As principais estradas
carroçáveis: Esperança - Pocinhos, medindo, até Lagoa Salgada, 17 kilômetros;
Esperança - Campina Grande, que media até Camucá – 6 kilômetros; Esperança em
direção a Areia, até então com 5 kilômetros; e a que seguia rumo a Bananeiras, completos
12 kilometros.
Francisco Bezerra da
Silva instalara a primeira agência de carros da marca Chevrollet, com oficina
própria e venda de peças. Funcionando ainda na cidade uma empresa de Força e
Luz, de propriedade de Manuel Rodrigues.
As pessoas se divertiam
assistindo filmes no Cine Ideal, de Inácio Rodrigues; ou participando dos
grêmios recreativos e desportivos, como o Centro Operário São José, a
Associação dos Empregados do Comércio e o Vera Cruz Futebol Clube.
A cidade era governada
por Theotônio Tertuliano da Costa, comerciante local, proprietário da Loja das
Novas. Não consta que houvesse vice-prefeito, mas sabe-se que o cargo de
prefeito foi assumido, algumas vezes, pelo então secretário Manuel Symplício Firmeza.
A sede do município era a
vila de mesmo nome, cujo termo judiciário subordinado à Comarca de Areia, sendo
Juiz o Dr. Amaro Bezerra de Albuquerque. Na função de Adjunto de Promotor,
havia o cidadão Egydio Gomes de Leon, ao
passo que José de Andrade Mello, Francisco Jesuino de Lima e Francisco Protasio
de Oliveira, assumiam, respectivamente, a 1º, 2º e 3º Suplência de Juiz Municipal.
O Tabelionato Público estava a cargo de João
Clementino de Farias Leite, respondendo pelo Cartório de Notas, Judiciário e Civil,
Escrivão do Crime e Comércio. Manuel Clementino de Farias Leite, era o escrevente.
A única povoação
existente, naquela época, era conhecida por “Areial”, distante nove quilômetros
do centro.
A receita arrecadada nos
primeiros nove meses daquele ano somavam a importância de R$ 68:545$100,
enquanto que a despesa efetuada no mesmo período era de 66:684$400, considerando-se,
neste cálculo, todas as obras públicas.
O saldo era positivo,
contudo, não fosse o flagelo das secas que assolava a Paraíba, teríamos um
rendimento ainda menor. Neste sentido, concluiu o articulista, ao analisar as
finanças municipais:
“Não fôra as consequencias advindas com a calamidade da sêcca que
actualmente nos salteia, em virtude da qual, muito se tem despendido com
auxilios a flagellados, teria esta Prefeitura, applicado maiores sommas nos
serviços de obras públicas” (Almanach da Parahyba: 1933, Vol. XVI).
A cidade registrava os
seguintes servidores municipais: Ignácio Cabral de Oliveira (Fiscal); Pedro de
Alcantara Torres (Procurador Geral do Município); João Batista Ferreira, José
Felix de Lucena, José Tonel de Albuquerque, Thomaz Firmino do Nascimento,
Manuel Carolino Delgado, José Santiago, Odilon Benevenuto, José Diniz, José
Firmino, Luiz Rodrigues Pessoa, Manuel Virgínio, Severino Pereira de Araújo e
Epitácio Donato, respectivamente, Agentes Arrecadadores dos Impostos da Feira.
Pacífico Moraes de Lucena
era responsável pelo Telégrafo, enquanto a Sra. Rachel Passos de Melo atendia
os Correios.
Banhavam o município,
naquele tempo, os riachos denominados: Araçagy, Riachão, Riacho do Boi,
Amarello, Bom Jesus e Cabêço. E as Lagoas: Cinza, Cabugá dos Cavallos, Arara, Carrasco,
Torrões, Junco, João Pinto, Cruz Queimada, Riachão, Zé Lopes, Lagoa de Pedra, Lagoa
Verde, Timbaúba e Lagedão.
Havia um pequeno
manancial na rua d'Areia e outro onde hoje se situa o Campo do América, chamado
de “Lagoa da Porta”. Existindo ainda outros reservatórios de pequena monta,
além de oito açudes de barragens, sendo: três públicos e cinco particulares.
A flora do Município era
bem diversificada. Constava as seguintes árvores: catingueira, marmeleiro,
jurema branca, umburana, cabará de chumbo, chumbinho, mata-cachorro, cipaúba,
caldeiro, facheiro, cajá, jurubeba, velame, caroba, esporão de galo, gameleira,
umbuzeiro, almeixas, pau-ferro, pau-pedra, pitombeira, comaty, jaboticabra,
juazeiro, burra-leiteira, maniçoba, pinhão, canela de veado, goiabeira, jucury,
espinheiro, içó, João mole, tayhuiá, cabeça de negro, cipó-pau, quina-quina,
manacá, mangerioba, mastruço, camará de chumbo, malícia, hortelã, pimenta
darda, língua de vaca, pega-pinto, e outras vegetações.
Rau
Ferreira
Referências:
- ESPERANÇA, Livro do Município de. Ed. Unigraf.
Esperança/PB: 1985.
- GURJÃO, Eliete de Queiros. Morte e vida das oligarquias. Ed. UFPB:
1994;
- PARAHYBA, Amanach do Estado da. Vol
16. Ed. Impr. Official: 1933;
- Wikipédia: Governadores da Paraíba;
disponível em: http://pt.wikipedia.org;
Excelente! De fôlego, como atleta em plena forma. Sinto falta apenas de imagens.
ResponderExcluirBoa noite
ResponderExcluirEu gostaria de saber quem eram jose benevenuto e Antonio benevenuto e Pedro benevenuto Araujo na cidades de esperança paraiba eu estava levantando os nomes dos meus AVÔS
Vcs pode me ajudar
Boa noite, você não deixou nenhum contato para resposta, de maneira que não há como responder-lhe diretamente. No IHCG há um pesquisador especialista em genealogia que poderia lhe ajudar, apenas estabeleça um canal de comunicação, para viabilizar um retorno. Obrigado, Rau Ferreira
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