Esperança tem um rol de ruas com nomes inusitados. Na verdade,
poucos conhecem os nomes oficiais de suas artérias principais.
Desde os primórdios, ficaram conhecidas a rua do Sertão (caminho
para os sertões); a rua de Areia (caminho para o Brejo d’Areia); a rua Nova
(por ser a mais nova, paralela à avenida principal); a rua do Boi (por ter no
seu final um curral) etc. Acrescendo a esta lista publicamos recentemente a rua
da Gameleira, que ficava na tão conhecida “Beleza dos Campos”. Nesta, residia
Manoel Pelado, o temível “acaba feira” citado pelo escritor Epaminondas Câmara
em suas reminiscências sobre Esperança.
Mas essa moda não é do passado. Até bem pouco tempo, o bairro
Portal, na saída para Areal, possuía denominação de flores em suas divisões,
como rua do Ipê, rua da Margarida etc.
Pois bem. Hoje adicionamos ao número de ruas populares a rua da Urtiga. Não que esta rua seja
nova, ao contrário, é uma das mais antigas. Mas por ser pouco mencionada,
acabou sendo esquecida pelos historiadores locais.
A rua da Urtiga localizava-se no final da antiga rua Quintino
Bocaiúva, cruzamento com a rua João Mendes. Tinha este nome porque era caminho
para a zona do baixo meretrício, que na época era cercada por avelozes e
urtigas de um lado, e do outro uma série de quartinhos e bares.
Também fora assim denominada porque, metaforicamente, era um
caminho árduo ou complicado para aqueles que pretendiam segui-lo; ou para
referenciar aquelas pessoas que povoavam esses ambientes, como sendo de
personalidades ásperas, difíceis e de onde usualmente resultavam brigas e
confusões. De uma forma ou de outra, quem descia por aquela viela não ficava
imune a críticas fervorosas das beatas e carolas daquele tempo.
Hoje o lugar encontra-se revitalizado e é uma das áreas nobres da
cidade, onde residem pessoas distintas e que tem escola, templos religiosos,
posto de saúde e um pequeno comércio, com realização de festas comunitárias
freqüentadas por toda a sociedade.
Um fato pitoresco diz respeito à rua da Urtiga. Segundo consta,
Pedro Pichaco certa feita bancou “caipira” para damas e moleques na entrada
deste logradouro. É que as apostas estavam escassas e visando esta clientela
especial, que na época era proibida de jogar, decidiu improvisar. Quando todos
deram os seus lances, botando fé neste ou naquele bicho, o mandrião gritou:
desse jeito não, deixa o povo apostar. Pensando ser a polícia, todos correram
provocando risos e gargalhadas de Pedro que contabilizava os lucros daquele dia.
Rau Ferreira
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