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Domingueira anos '80

Quando criança pouca coisa nos tira a rotina, tudo parece em sequência. Os dias passam como um filme.
O domingo da minha infância na cidade de Esperança pode ter sido igual a muitos que se veem por aí, mas tinha um gostinho especial.
Depois de acordar cedo no sábado para enfrentar a feira livre às quatro da matina onde negociava miudezas no mercado junto com o meu avô Antônio Ferreira, dormia até às oito e acordava disposto a rodar bicicleta.
No meu tempo - ou nas minhas condições - este era um artigo de luxo! Fazia sucesso a "bicicross" mas só podíamos alugar barra circular sem paralamas de Zé Antonio na calçada do supermercado, na rua Manuel Rodrigues. Podia-se locar uma manhã inteira mas minhas economias bastavam para hora e meia.
Cada veículo tinha uma numeração que o proprietário anotava na sua caderneta com o horário da devolução. Era uma fila de "magrelas" a maioria na cor vermelha. Tinha também o aluguel de Edinho, em menor escala.
Circulava de bike pela cidade que para mim se resumia a seis ou sete ruas. De quando em vez soltava as mãos do guidão e pedalava em malabarismo. Quando cansado, parava na sorveteria de Irene e comprava picolé direto da fábrica.
A tarde se resumia às matinés no Cine S. José e os filmes preferidos eram Os Trapalhões ou Simbad. Seu Manezinho mantinha a ordem e recebia os bilhetes na entrada. Mas antes comprávamos balas e doces na barraca de Dona Mariza. Às vezes tinha jogo no Campo do América e a gente se espremia para ver a turma jogar tomando din-din.
A noite havia o passeio na Praça da Cultura, que na época permitia uma volta inteira subindo e descendo pelo outro canto da rua. Os colegas da escola era companhia frequente e todos sentavam na calçada da Biblioteca. Quando dava compartilhavamos uma rodada de refrigerante com cachorro-quente na barraca de Ledo ou de Tité.
Na segunda começava tudo de novo, torcendo para chegar logo o final de semana. Era assim a nossa "domingueira" a lá anos 80.


Rau Ferreira

Comentários

  1. A domingueira dos anos 60 só tinha duas alternativas: Ir ao matinê do cine São José ou ir ao estádio ver o América jogar. Ninguém tinha televisão, não existia celular, e, quem tinha sua namorada, passear com ela, e, ainda, ir para a sorveteria tomar um sorvete. E mais nada.

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  2. Tô mais pra do Rau que pra do João. Não alugava bicicleta mas pegava o cinemão. Eram Os Trapalhões e as voltas na Praça. Cachorro quente o primeiro ainda foi na barraca de Manezim...aquilo sim era um lanche!

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