Da descontinuidade dos eventos
artístico-culturais
Por Evaldo Brasil*
EMARP Esperança realizou o I Encontro Municipal de Arte Popular, de 22 a 25 de
Agosto de 2004, procurando incentivar o resgate, a permanência e ampliação das
nossas tradições folclórico-artísticas. Poderia ter sido uma excelente
oportunidade para reflexão. A ExpoEsperança, também. Já vivemos a III edição do
festCordel: Festival Estudantil de Literatura de Cordel, por iniciativa dos
ativistas culturais, os performáticos Fernando e Marinalva Santos.
Nos concursos da Emarp,
as comissões julgadoras necessariamente poderiam ter sido de fora, bastava um
trio; ou pelo menos serem presididas por um desses, com neutralidade e
capacidade incontestes. Seus regulamentos poderiam ter tido a devida flexibilidade e a comissão julgadora o poder para, vendo a realidade dos
inscritos, calouros e “artistas plásticos”, reordenar o processo de disputa.
Correu, à boca solta que,
um dos concorrentes teria obtido de um juiz nota 1,5 e de outro 9,0. Tal
disparidade seria evitada com o critério de nota mínima 5,0 e máxima 10,0.
Tanto entre os calouros quanto nas máscaras, pelo menos três níveis se
evidenciaram (crianças, jovens e adultos/inexperientes, iniciantes e experientes
(quanto ao canto); Infantil/escolar, carnaval de rua e de salão/baile). Sem
flexibilidade e poder para uma ação reflexiva, acabamos sendo injustos.
O problema se repetiu no
festCordel. São novos atores e eu, embora por perto, não demonstrei, assim como
Esperança, ter know-how. É a descontinuidade dos eventos artístico-culturais.
Ressalve-se que a equipe
que esteve à frente do Emarp protagonizou-o pela primeira vez. Naturalmente,
isso deve ser levado em conta. Mas, não se pode partir do zero. Será que não se
avaliou a II Feira do Proformação? E a primeira? Realizados praticamente pela
mesma equipe.
SEMAP Tudo isso poderia ser evitado ou amenizado se, lembrando e resgatando a
memória da I Semap, Semana de Arte Popular, realizada pelos artistas
esperancenses em Agosto de 1988, se alguns dos protagonistas tivessem sido
convidados a sugerir, planejar ou mesmo capitanear o Emarp. Caobe, Praça da
Cultura, Colégio Estadual, AALE, Feira Livre, Calçadão, Biblioteca e CSU foram
alguns dos espaços utilizados e instituições envolvidas em 88. Areia, João
Pessoa, Campina Grande, algumas das cidades representadas. Teatro (de palco,
rua e mamulengo) música, poesia, desenho, pintura e feira de artesanato, parte
do que se viu. Artistas da cidade à frente, comerciantes doando alimentos e o
Executivo Municipal…
Não houve falhas e
problemas? Claro que sim! Mas imaginemos se ano passado tivéssemos vivido a
vigésima versão?! Os rondonistas teriam morrido de inveja, integrando-se, quem
sabe, a 21ª edição da Semap.
Hoje, dia 12 de agosto de
2010, encontro uma solitária que está a frente do I Emarpe, Encontro
Municipal de Arte Popular de Esperança, que ocorrerá entre os dias 19 e 22 de
agosto na Praça da Cultura. A história se repete.
Evaldo Brasil
(*) Publicado originalmente em 2004. Reeditado em 2007
e atualizado em agosto de 2009 e 2010.
Referência:
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Banabuyê 300: evaldobrasil.blogspot.com;
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Texto: Evaldo Brasil.
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