Pular para o conteúdo principal

Festa do Bom Conselho


A Padroeira de Esperança

Reportagem Especial


Esperança foi erigida sob ainvocação da Virgem do Bom Conselho. A sua Paróquia, criada em 1908,tradicionalmente celebra a sua festa no mês de janeiro. Neste mês, inúmerosfilhos da terra acorrem ao nosso município aumentando as rendas e aquecendo ocomércio.
Durante esse mês, são realizadasquermesses, novenas e missas solenes Mas a festa litúrgica também tem seu lado profano,com a participação de parque de diversões e barracas.
Pelo calendário comum,celebramos a Virgem do Bom Conselho no dia 26 de abril. Movimentoshouve no sentido de se transferir as festividades para o mês de abril, mas atradição foi mais forte e ainda hoje se comemora no mês de janeiro.
No passado, as pessoas seacotovelavam na Matriz para assistir as celebrações acompanhadas pelo suave dedilhar da “Serafina”.Este pequeno harmônio era tocado por Dona Júlia Santiago, filha de Joaquim deAndrade Santiago e Ana de Souto Santiago, a qual iniciou várias pessoas na arteda música, entre elas dona Maria Duarte.
Enquanto que o coral da EscolaCantório formado por moças e rapazes, entoava seus cantos litúrgicos.
Após as missas, as pessoas sedirigiam a praça para assistir a encenação do pastoril onde dois grupos demoças disputavam entre si as preferências dos esperancenses. As jovens faziamcaras e bocas, enquanto a população alfinetava suas contribuições nasrespectivas bandeiras. O dinheiro era destinado aos trabalhos da Matriz.
A dramatização representa onascimento do menino Jesus, através de canções que contam a aventura daspastoras em visita a manjedoura de Belém. É uma forma animada de se transmitira história ao longo dos tempos.
Em 1942, foram as"baianas" e "camponesas" que se apresentaram em praçapública com esta finalidade. E no ano seguinte, os cordões “verde” e encarnado”fizeram belas evoluções na noite de ano, conquistando a simpatia da nossasociedade.
Em Esperança, a encenação ganhouforça na década de 40, sendo comandado por duas senhoras: Corina Cabugá eDedita. Posteriormente os trabalhos foram coordenados por D. Hilda Batista eVitória Régia Coêlho.
Havia muito murmurinho aqui eacolá. Os jovens aproveitavam a paquera no passeio que ia da igreja ao ginásiodiocesano.
Quanto ao disse-me-disse, boaparte vinham dos jornais “noticiosos” que eram editados na cidade durante asfestividades da padroeira. O mais antigo jornal que se tem notícia era chamado de"A Seta", cujos redatores foram Theotonio Rocha, Sebastião e SeverinoDiniz, com direção de Tancredo Carvalho. Sua circulação teve início em 1928.
Seguindo esta mesma linhahumorística existia o “Segunda Frente”. Esse periódico era de responsabilidadedo acadêmico Ulisses Coêlho Nobrega, com direção técnica Genésio Candido, eredação dos Srs. José Coêlho, Manoel Clementino e Manoel Camelo, sendoredator-chefe o contador L. Milanez. Dizem que a oficina funcionava no“Pavilhão Nada Além” (antigo XV de Novembro, onde hoje é o Calçadão). Ecirculava ao preço de CR$ 0,50 (cinqüenta cruzeiros), com motes, glosas,notícias e muito mais.
Foi também durante a festa dapadroeira que surgiu o jornal “O Gilete”, cujo responsável era o professor JoséCoêlho da Nóbrega. Esse noticiário tinha por característica a irreverência e seautodenominava “noticioso”, realizava a crítica social da comunidade e chamandoa atenção para o nosso cotidiano.
Zé Coêlho possuía uma memóriainvejável, contava histórias de aventuras e declamava poesias. Foi um dosintelectuais mais influentes de nossa cidade, destacando-se ainda por ser umgrande animador de quadrilhas.
Este ano de 2012 se comemora a 152ªFesta da Padroeira de Esperança, que deve reunir cerca de 40 mil fiéis duranteos 11 dias de celebrações religiosas.
A programação social aconteceráde 13 à 15 de janeiro, com o pavilhão da paróquia, onde deverão se apresentarInaldo & Paulo Rubens, a banda Estação da Luiz e Tinho de Areia.
Noticia-se que técnicos da PBTURdevem visitar a cidade para avaliar o potencial turístico do evento para umapossível inclusão no calendário religioso da Paraíba.

Rau Ferreira

Fonte:
- CARVALHO, Tancredo de. Memórias de um brejeiro. Ed. S. N.:1975.
- CENTENÁRIO, Revista da Paróquia de Esperança. Ed. Jacinto Barbosa.Esperança/PB: 2008.
- ESPERANÇA, Livro do Município de. Ed. Unigraf. Esperança/PB: 1985;
- ESPERANÇA, Livro do Município de. Ed. Unigraf: 1985.
- LIMA, Francisco Cláudio de. 50 Anos de Futebol e etc. Ed. Rivaisa:1994;
- RAPHAEL, Rodolpho. Festa da Padroeira de Esperança poderá entrar no roteiro religioso daParaíba. Disponível em: http://portalne.com.br/v1/?p=8730.Acesso: 04/01/2012.
- SEGUNDA FRENTE, Jornal. Ed. UlissesCoêlho. Edição N. 3, Ano I. Esperança/PB: 1943.
- SOUZA, Inácio Gonçalves de. Esperança em verso e prosa.Esperança/PB: 2000;  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

O Mastodonte de Esperança

  Leon Clerot – em sua obra “30 Anos na Paraíba” – nos dá notícia de um mastodonte encontrado na Lagoa de Pedra, zona rural de Esperança (PB). Narra o historiador paraibano que em todo o Nordeste existem depressões nos grandes lajeados que afloram nos terrenos, conhecidas pelo nome de “tanques”, muitas vezes obstruídos pelo material aluvionar. Estes são utilizados para o abastecimento d’água na região aplacada pelas secas, servindo de reservatório para a população local. Não raras as vezes, quando se executa a limpeza, nos explica Clerot, aparecem “ restos fossilizados dos vertebrados gigantes da fauna do pleistoceno que povoou, abundante, a região do Nordeste e, aliás, todo o Brasil ”. Esqueletos de espécimes extintas foram encontradas em vários municípios, soterrados nessas condições, dentre os quais se destaca o de Esperança. A desobstrução dos tanques, necessária para a sobrevivência do rurícola, por vezes provocava a destruição do fóssil, como anota o professor Clerot: “ esf

Barragem de Vaca Brava

Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) Tratamos deste assunto no tópico sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança, seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem, quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão dependentes. O regime de seca, em certos períodos do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta relevos que propiciam a acumulação das chuvas. O riacho “Vaca Brava”, embora torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................