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A arte da capa de SOMBRA ILUMINADA

A primeira edição de Sombra Iluminada (1927) é uma verdadeira raridade. Deste segundo livro poético de Silvino Olavo temos apenas a notícia de sua reserva legal na Biblioteca Nacional. No entanto, alguns autores fazem menção ao seu conteúdo e não pouco foram os pesquisadores e críticos que se aventuraram a desvendar os seus mistérios.
Quanto a ilustração da capa, escreve Flora Süssekind em seu “Cinematógrafo de Letras”:

É interessante observar que as capas de muitos romances e volumes de crônicas ou poemas pareciam apontar diretamente no sentido desses personagens-só-superfície, desses jogos com a linha e o plano. Um exemplo art-nouveau desse quase descarte da perspectiva é a capa de Cornélio Pena para Sombra Iluminada (1927), que reúne a sua produção de 1924 a 1925. Nela, uma figura meio aterrorizante, de mãos esqueléticas, cheia de anéis e pulseiras e com a cabça coberta por uma capa roxa, duplica-se numa mancha amarelada, chapada, no entanto, como a própria figura, num único plano, num fundo roxo com riscos verticais amarelos”.

Observamos então que a fiura do personagem parece se confundir com o título da obra. A figura “aterrorizante” é a própria sombra iluminada. Para mim, o reflexo de uma alma amargurada e combalida pela doença mental.

Rau Ferreira

Fonte:

-        Cinematógrafo de Letras, Flora Süssekind, Companhia das Letras: 1987.

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