Silvino Olavo, acometido de surtos esquizofrênicos que o impossibilitou de dar continuidade a sua brilhante carreira e internado na colônia “Juliano Moreira”, na capital do Estado, ainda produzia e muito! E diga-se de passagem, com tenaz brilhantismo!...
Eis aqui um registro do seu trabalho que fora registrado pelo jornal “O Norte”, edição de 18 de setembro de 1933. Trata-se do prefácio ao livro do poeta Leonel Coêho: Misérias (1936).
Em um texto de seis folhas o nosso vate esperancense discorre sobre o autor de “Parallepípedos” (1930) e sua recente obra, fazendo-lhe um estudo da personalidade.
Embrora curatelado à época e afastado das lides literárias, mostrava-se em consonância com o seu tempo, tomando conhecimento do que se passava ao seu redor. Foi assim que comentou a cerca de seu confrade Leonel: “Leonel Coêlho (...) é um poeta objetivista” (p. 18).
E mais adiante:
“O poeta de 'Parallepípedos' entrou, muito cedo, a assimilar os dados superiores da ciência, da filosofia, tendo em apreço o ritmo da estética escolar de Augusto dos Anjos.
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Não é um psicólogo. É intérprete grosso modo de impressividades, dominado por um gigantismo de visão exquisita dos fenômenos e da natureza.
Seus sontetos, em maioria, são híspidos, hostis, como espigões de pedra...”
Os versos que zune Leonel, na feliz acepção silvinolaviana, repique de ilusão e fantasia, tem às vezes a força dos de Castro Alves (p. 19).
E não é só. Na sua redação fala de Nietszche e da liberdade natural; de Carlyle, cujo silêncio seria “o sol do mundo”; da imprensa, que já ao seu tempo denomiava-se “quarto poder”; e de Euclydes da Cunha e sua referida “natureza morta”.
E conclui aquele prefácio citando Augusto dos Anjos, o poeta do “Eu”, ao dizer de Leonel: “A luz que não chegou a ser lampejo!”.
Rau Ferreira
Fonte:
- MAURÍCIO, João de Deus. A vida dramática de Silvino Olavo. Ed. Unigraf, 1992, p. 63;
- COÊLHO, Leonel. Misérias. (Poemas trágicos). Pref. de Silvino Olavo. Imp. Of., João Pessoa/PB: 1936.
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