Silvino Olavo possuia realmente uma inteligência multiforme. Político, poeta, jornalista, advogado... e uma incontável soma de atributos. Um homem de expressão como escrevera um dia. E um Cysne de Legenda que soubera compor.
Esperança nunca lhe foi grata pela emancipação política acontecida em 1925 - nunca foi o bastante! Uma biblioteca e uma rua com o seu nome é muito pouco para o que ele representou na história da Paraíba. A placa alusiva ao seu Centenário jaz envergada na Praça da Cultura. E o poema que ali se lê – O meu palhaço – pode retratar muito bem esta passagem ingrata.
Com o seu “Cysnes” conquistou o Rio de Janeiro, sendo bastante aplaudido em seu ensaio poético. Ao chegar à pequenina Paraíba – poeta consagrado – recebeu os auspícios de Promotor Público da Capital e Conselheiro Penitenciário, cargo que assaz lhe foi atribuído na carreira jurídica. Para depois assumir a chefia de gabinete do Governo João Pessoa.
Redator de “O Jornal” e colaborador de diversos periódicos como a Revista “Era Nova”, integrou o quarteto fantástico ao lado de Severino, Perillo e Orris – heróis de uma geração. Chegou a integrar com Samuel Duarte, José Américo de Almeida e Eudes Barros, o quadro da intelectualidade paraibana que publicava n'A União.
Foi o seu abraço afetuoso que o autor de “Macunaíma”, Mário de Andrade, registro em suas crônicas quando em visita a Paraíba no ano de 1929.
Não foi o bastante ser o fiel representante do simbolismo neste Estado. Era preciso ser inédito e assim surgiu sua “Sombra, Iluminada” pelas agruras que passara desde que intentou acompanhar o seu menestrel nas eleições de 30.
No cidade do Recife veio a sua primeira crise. A que sucederam tantas outras para findar solitário numa colônia de alienados.
Vinte anos mais tarde salvou-lhe o cunhado Waldemar, a quem viu uma luz. Em momentos de lucidez deixava todos atordoados com sua capacidade de compor. E até um cachorro virou amigo-cachorro porque muitos não o são.
Residindo na capital paraibana produzia e produzia, foram muitos os textos dentre os quais conseguimos copilar em nossas pesquisas: “Política e Democracia”, “Criadores e Criaturas”, “Glória in Excelsis Deo” e “Gritos do meu tempo”, de um total de 18 até agora.
Em Esperança, embora obscuro, transcrevia nas páginas em branca de alguns livros a sua musa “Badiva”. Enquanto isso, Pedro Calmon escrevia as “Memórias” do colega de faculdade a quem a maioria da turma incumbiu de proferir o discurso de formatura.
Silvino ainda hoje preocupa. Suas ideias liberais e sua força estética movem velhos moinhos. Olavo amedronta. Passeando pelas ruas desta Banabuyé no caminho da Beleza para o bar do primo Antônio, contrariava o cenário político e admoestava estudantes de direito que o julgava desconhecedor de seu tempo.
Festejado lá fora, inúmeros são os livros que fazem referência a sua obra e aos seus textos, servindo inclusive de base para estudos de sua época. Citemos “Morte e Vidas das Oligarquias” de Eliete de Queiróz e “Sertão Alegre”, de Leonardo Mota.
Ao menos o seu epitáfio final - Alpha de Centauro – poderia sair do papel. Mas quem detém os direitos? Quem poderia imprimir? A família, talvez. Um aventureiro, quiçá.
As folhas do “Novo Tempo”, de Evaldo Pedro, fizeram a sua estréia em 97. Nelas repousam “O Mafuá” e “Trem de Ferro”. Relíqueas desse Principe da Poesia.
Os esperancenses merecem este presente. A Paraíba... o Brasil... o mundo! Por que não? Chamem-me de louco ou apaixonado, dá no mesmo!
Será que agora você vai conseguir dormir com este barulho?
Rau Ferreira
Fonte:
- PINTO, Luiz. A Influência do Nordeste nas Letras Brasileiras, . Ed. J. Olympio: 1961, p. 142;
- FILHO, Hildeberto Barbosa. A convivência crítica: ensaios sobre a produção literária da Paraíba, Volume 1 de Coleção IV centenário. Ed. Estado da Paraíba: 1985, p. 23;
- OLIVEIRA, Marinaldo Francisco de (Org.). Badiva: Poesias inéditas [de] Silvino Olavo. SEDUC, Esperança: 1997;
- MAURÍCIO, João de Deus. A vida dramática de Silvino Olavo. Ed. Unigraf: 1992.
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