Sobre o título “Criadores e Criaturas” Silvino Olavo inicia o seu texto descrevendo o poeta paraibano Peryllo de D’Oliveira e sua luta pela vida. Para ele, o “representante intelectual de uma raça...” e “um gigante de resignação”.
Peryllo foi companheiro de trabalho de Silvino Olavo na revista “Nova Era”, publicação paraibana dos anos 20.
Silvino Olavo retornou à Paraíba em fins de 1925, diplomado em Direito e com um livro publicado: “Cysnes”. Aqui, a convite do dr. José Gaudêncio, assumiu a redação de o “Jornal” e foi incumbido de formar o corpo de redatores com certa liberdade.
Foi então que conheceu “Canções que a vida me ensinou” (1925) e teve o seu primeiro encontro pessoal com o seu autor, Peryllo. Na oportunidade, este lhe solicitara incluí-lo entre os novos colaboradores daquele órgão e confessou Silvino: “seu apelo viera ao encontro de minhas cogitações”. “Peryllo foi um Tolstoi de pele adustra. Apesar de possuir uma alma verrumada como a de Poe, fazia versos como Tagore”, escrevera.
Formava-se então o maior e a mais brilhante ordem intelectual de sua época.
“E assim viveramos nós o melhor período da nossa vida de letras e de lutas, entre o brilho de Eudes e Orris, as aparições de Samuel e a assiduidade de Peryllo Dolivira”.
Relatou Olavo - o “Poeta dos Cysnes” - a série de publicações que sucederam naquele período, com destaque para “A Voz da Terra”, obra prima de Peryllo, fazendo questão de reproduzir os seus “Versos egrégios”.
Assina-la ele também uma carta endereçada a Simão Patrício, donde Peryllo narra a sua saída de Araruna-PB em 1913 acompanhando a atriz italiana Irene Conceptini e engajando-se em várias companhias teatrais a percorrer o Brasil; até chegar à Capital paraibana em 1920.
E evoca o amor maior que D’Oliveira nutria por sua mãe, traduzida em versos cuja parte final é a seguinte:
“E já que o meu viver no teu se consolida,
eu – o fruto de teu ser – só desejo ter vida
enquanto me restar a glória de ter mãe”.
Que na concepção de Silvino “(...) era mais profunda do que a sua própria angústia humana. Sua mãe era o seu culto, seu ‘interior’, seu ambiente. Era uma religião de beleza moral na sua existência, seu grande ideal de amor cristalino – o ‘vaso honorável do seu afeto’”.
Setembro, 1930.
Severino Peryllo Doliveira, é natural de Araruna-PB e nasceu em 1898, tendo trabalhado durante algum tempo para a revista “Nova Era”, da capital paraibana. Faleceu no dia 26 de agosto de 1930, aos 32 anos, deixando as seguintes obras:
- Deshonesta (Novela). Suplemento de "Era Nova", novembro de 1924.
- Canções que a vida me ensinou (Versos). Capa e ilustração do autor. Imprensa Official. Parahyba. 1925.
- Caminho cheio de sol (Poesia). Capa do Autor. Secção editora da Empresa Graphica Nordeste. Parahyba do Norte. 1928.
- A voz da terra (Poema em esboço). Imprensa official. Parahyba. 1930.
Rau Ferreira
Fonte:
- A União, Jornal. Governo do Estado da Paraíba. Edição de 19 de abril. Parahyba do Norte: 1931;
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